domingo, 22 de setembro de 2013

A VELA QUE SE APAGA

23 de maio deste ano completei 10 anos como secretário geral administrativo da Sociedade Brasileira de Cultura de Japonesa, conhecida como Bunkyo. Desde dezembro de 2006, o nome completo da instituição ainda se alonga mais com "de Assistência Social", mas isso será assunto para  outra hora.
23 de maio é uma data importante para a cidade de São Paulo:  nesse dia em 1932 foram assassinados 5 jovens estudantes pelas forças do governo central, transformando-se no estopim  aglutinação dos paulistas para combater a nascente ditadura de Getúlio Vargas.


Eu sucedi Senichi Adachi, que exerceu o cargo no Bunkyo por 33 anos, tendo sido funcionário por 46 anos. Considerando que em 2003 (ano da saída dele) o Bunkyo completaria 48 anos de existência, Adachi acompanhou praticamente todo percurso da entidade.
Antes de Adachi houve Takuji Fujii, o primeiro secretário, que assessorava o presidente fundador Kiyoshi Yamamoto desde o primeiro projeto pós-guerra exitoso da comunidade nipo-brasileira:  a construção do Pavilhão Japonês do Parque Ibirapuera, em 1954. Sua concretização deu origem ao Bunkyo. O Parque, concebido para festejar os 400 anos da fundação da cidade de São Paulo,  em sua entrada, foi instalado o obelisco em cujo interior localiza-se o mausoléu dos  4 estudantes e todos os demais paulistas que tombaram na guerra de São Paulo contra o governo central em 1932. Em frente ao obelisco estende-se a Avenida 23 de maio, uma das artérias principais da cidade ripando-a do sul para o norte.
Assim, tornei-me o terceiro secretário desta que é considerada a entidade centralizadora da comunidade nipo-brasileira, 5 anos antes da esperada comemoração do Centenário, 100 anos da chegada dos primeiros imigrantes japoneses no porto de Santos, em 18 de junho de 1908.

Adachi e eu convivemos por aproximadamente 40 dias. De 23 de maio a 30 de junho, diariamente, ele me transmitiu o essencial do trabalho do cargo e das atividades da entidade. Ajudei-o na organização de alguns eventos, e, entrando em julho, ele espaçou suas vindas  para cuidar da saúde debilitada. Convenceu a diretoria para que eu acompanhasse Kokei Uehara, presidente do Bunkyo, que iniciava o mandato em abril, em sua primeira viagem ao Japão.
Na noite em que a diretoria decidiu minha ida ao Japão, Adachi entrou em coma, e veio a falecer alguns dias depois, em 15 de agosto.
15 de agosto é um dia significativo para o Japão e também para a humanidade. Em 1945, após as bombas atômicas covardemente lançadas sobre a população civil de Hiroshima e Nagasaki, o Japão se rende incondicionalmente às forças aliadas pondo fim à Segunda Guerra Mundial. 9 anos depois, em 15 de agosto 1954, os carpinteiros japoneses, uma parte vinda do Japão e outra residente no Brasil, concluem a construção do Pavilhão Japonês no Parque Ibirapuera, até há pouco um terreno de brejo mal frequentado, que viria a se tornar o parque central da maior metrópole da América Central e do Hemisfério Sul.
Tempos heroicos de projetos, construções e, principalmente, de sonhos de se construir uma sociedade harmoniosa e pacífica, mas com respeito à diversidade.
Nessa época, após uma interrupção de cerca de 10 anos, o Brasil voltava a receber imigrantes japoneses. Dentre eles está Takashi Wakamatsu, que chega em 1954, no navio "Brasil Maru", com graduação em língua portuguesa pela Universidade de Línguas Estrangeiras de Tóquio. Trabalha como tradutor no Jornal Paulista, editado em língua japonesa, e posteriormente ingressa no curso de economia da Universidade Mackenzie e passa a trabalhar no Consulado Geral do Japão em São Paulo. Torna-se empresário de uma corretora de valores, mas entre os mais jovens é mais conhecido como professor de "shodo", a arte da caligrafia tradicional japonesa com pincel e tinta nanquim. Wakamatsu realiza, sob sua coordenação, a exposição anual de arte "shodo" no Salão Nobre do Bunkyo, este ano completando 34 edições.

Um dos hábitos dos antigos frequentadores do Bunkyo era conversar na "sala do secretário". Nem era sala exatamente, era um mero cercadinho de divisórias, mas c
om certeza muitas questões relevantes dos destinos da comunidade nipo-brasileira foram tratadas lá. Fui testemunha de alguns fatos muito importantes desde 2003.Imagino o quanto Adachi e Fujii testemunharam naqueles tempos áureos quando a comunidade nipo-brasileira era simplesmente "colônia". Em 2009, o "cercadinho" foi retirado, poucas pessoas aparecem, e Wakamatsu esteve comigo outro dia. O fato é que, se existem pessoas, com ou sem "cercadinho", as ideias se desenvolvem.
Diz-se que o movimento da comunidade nipo-brasileira é decadente, principalmente por parte da juventude, desinteressada na preservação e divulgação da cultura japonesa. No entanto, por meio de suas entidades, percebe-se que, atualmente, são feitos muito mais eventos, com muito mais público, mais do que nos anos do auge da "colônia", com a participação não somente de nikkeis, e também com o apoio das instituições governamentais e empresas. Isso não seria justamente a realização daqueles sonhos de 50 anos atrás? Rapidamente Wakamatsu devolveu a resposta: "Goo-san, tem muito mais evento sim, estamos todos muito ocupados, mas imagina uma vela, antes dela acabar, a chama arde e depois ..." E a vida segue.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ontem último dia do mês de janeiro de 2013, foi um dia histórico na minha vida e de Natale Fraguglia que comparece na foto. Se não estou enganado, estávamos há 37 anos sem nos ver, ou seja éramos adolescentes em fase de crescimento. Na época tínhamos mais ou menos a mesma altura, e hoje eu fiquei quase na mesma, e o menino cresceu. Éramos vizinhos e basicamente.......... brincávamos. Quando o conheci tínhamos 6 ou 7 anos (ele é um ou dois mais novo) e brincávamos de futebol, empinar pipa, jogar figurinha e bolinha de gude.. e também 'luta livre", ou telecatch, muito em voga naqueles idos de 1966 e 67, com Ted Boy Marino e Aquiles. Natale tem um primo, o Helinho, que morava em frente da minha casa de então, e passávamos o dia num campinho ao lado daquelas casas, que era o quintal de um casarão onde morou a família de minha mãe no período inicial da vida deles em Itaquera. Casarão que depois virou sede da Sub Prefeitura, e tem uma importância histórica para a formação do bairro.
Depois fui morar na rua Zoraide, 3 quarteirões distante, e lá o Natale foi ser vizinho da casa ao lado. Ele tinha uma qualidade singular. Era craque na bola. Considero que foi o maior craque eu já enfrentei ! Os maiores chamavam ele de "Garrincha", embora ele negue hoje. Inclusive, Natale afirma que nem joga bola hoje. Nesta rua, além das brincadeiras infantis, passamos a ser corredores de rua, e participamos da formação do Jovens Atletas de Itaquera (JAI), uma equipe lendária de pedestrianismo que será objetivo de um futuro artigo. E fomos editores de 2 jornais. Eu de "A Nova Alvorada", e ele de "A Gaveta", jornais nascidos rivais, de companheiros de rua. Com 17 anos, no 3o. ano do colegial, fiz cursinho concomitante, e fui morar no centro da cidade, e não nos vimos mais, nem nos procuramos. O facebook fez nos aproximar, participamos de um grupo Itaquera 70, e hoje sabemos que a amizade de infância perdura, é permanente.

Reino de Kudara e a fragilidade das empresas japonesas no exterior

Hoje almocei com uma grande amiga no Shopping Bourbon, local que só havia entrado uma única vez, para assistir um filme, então aproveitei para conhecer o local, e aproveitar meu último dia útil de férias.
As férias mais inusitadas de minha carreira de assalariado. Compareci ao local de trabalho 2 a 3 vezes nas 4 semanas de férias, o que fez com que 20 dias se tornassem 4 semanas para compensar o período trabalhado. Deu para entender?
No caminho pela Av. José Maria Whitaker, minha intenção era entrar na Av. Rubem Berta, mas percebi que havia uma manifestação popular, que logo depois vim a saber que eram os motoqueiros pelo adiamento pela entrada em vigor da fiscalização que regulamenta as condições do exercício daquela profissão.
Havia um objetivo complementar, comprar um livro que intencionava adquirir na 4a. feira no Shopping Morumbi, mas na hora de ir ao caixa fui interrompido por um telefonema de meu filho que estava em casa, me avisando que meu pai não estava passando bem. Agora está tudo bem, foi só um momento de pressão baixa. No final das contas comprei não somente aquele livro, levei mais um. Prevejo que esses livros darão novos capítulos a este blog..

Bem, vamos ao tema. Onde foi o Reino de Kudara? E que relação tem com o Japão e suas empresas?

sábado, 6 de novembro de 2010

ODA NOBUNAGA QUERIA SER REI DO JAPÃO ?

Recentemente colhi evidências dessa possibilidade de desejo do personagem histórico que tentou unificar o Japão combalido por um século de guerras entre os vários feudos.
Morto aos 51 anos, Oda nao viu a unificação que seria efetivada por Tokugawa.
Tanto seu sucessor, Toyotomi como Tokugawa sempre almejaram manter o poder político e militar, mas jamais ousaram negar a posição do Imperador.
E Oda?
Aguardem.....

segunda-feira, 30 de março de 2009

Kenshin e a vida começa aos 49


Aconteceu o improvável para o corredor experimentado. Após 24 voltas foi ultrapassado em sua derradeira volta. Como aquele escocês maluco que derrubou o brasileiro Marilson dos Santos na maratona da Olimpíada de 2004. Mas naquele dia não era uma batalha solitária, era uma guerra coletiva, e o corredor era um guerreiro liderando seus 45 discípulos a caminho de uma vitória tranquila. Mas eis que as armas falham. A paralisia se instala. A tropa se inquieta, se sente insegura. O experiente guerreiro tenta conter os ânimos até que cheguem novas armas, que não vão chegar. A paciência se esvai. O que seria uma tranquila vitória, se torna uma amarga derrota.
49 anos. O velho mestre conta ao guerreiro que com esta idade Uesugi Kenshin estava deixando esta vida, tendo passado por vários momentos de glória e de dificuldade. Que ao experimentado guerreiro, com jovialidade e saúde ainda haveriam novas oportunidades e novos desafios, mesmo que neste instante parecesse que nada estaria por vir.


Uesugi Kenshin
(18/02/1530 – 19/04/1578) foi um warlord que governou a província de Echigo no período Sengoku do Japão.
Ele foi famoso por sua bravura no campo de batalha, sua estratégia militar, sua rivalidade com Takeda Shingen e sua crença no deus da guerra – Bishamonten. De fato, alguns de seus seguidores acreditavam que ele era um avatar do deus da guerra.


Seu nome original era Nagao Kagetora. Mudou seu nome a Uesugi Masatora quando herdou o nome de família de Uesugi a fim aceitar o título oficial de Kantou Kanrei. Posteriormente mudou seu nome para Uesugi Terutora e finalmente para Uesugi Kenshin depois de se tornar um monge budista, tornando-se um renomado seguidor de Bishamonten.
Kenshin é normalmente chamado de Dragão de Echigo por sua temível habilidade em artes marciais demonstrada no campo de batalha.

Quarto filho do guerreiro Nakao Tamekage . Sei pai ganhou renome como warlord através de vitórias militares sobre Uesugi Sanadori e Uesugi Funayoshi. Entretanto, alguns anos depois, entrou em disputa com seus vizinhos Ikko-Ikki de Hokuriku e o poder político na região iniciou um mudança em favor de seu rival e a situação de Echigo rapidamente se deteriorou. Isto situação teve seu ápice em 1536, quando Tamekage reuniu seu exército e marchou para o oeste com um alvo incerto. Entretanto quando chegou a Sendanno, em Etchu, suas forças foram repentinamente atacadas por Enami Kazuyori. Tamekage foi morto e suas tropas debandaram.
O impacto foi sentido imediatamente em Echigo. Nagao Harukage, filho mais velho de Tamekage, tomou o controle dos Nagao e eu um violento combate perdeu seu irmão Kageyasu. Kegetora (Kenshin) foi removido da região do conflito (ele tinha 7 anos) para Rizen-Ji onde dedicou sua vida ao estudo até os 14 anos.
Aos 14 anos, Kagetora (Kenshin) foi procurado por Usami Sadamitsu acompanhado por um exército que havia lutado com seu pai. Eles não concordavam com o governo de seu irmão mais velho, Harukage, e o achavam ineficiente por nos sete anos que se passaram ainda não ter conseguido restaurar a paz em Echigo.
A princípio, Kenshin ficou relutante em entrar em combate contra seu irmão mas depois de um tempo foi convencido da necessidade disso para a sobrevivência de Echigo. Após uma série de combates onde ele e Usami Sadamitsu lideraram os exércitos, Kenshin assumiu o controle do clã e Harukage foi forçado a suicidar.
Com seu governo sobre o clã Nagao, Kenshin conseguiu consolidar a província de Echigo e começou a pensar em expansão. Ogasawara Nagatoki e Murakami Yoshikiyo, dois lords de Shinano, apareceram antes que Kenshin solicitasse ajuda e ofereceram suas tropas para formarem uma coalizão contra o poderoso Shingen Takeda, o Tigre de Kai. Enquanto Kenshin consolidava sua posição em Echigo, Shingen conquistava suas maiores vitórias em Shinano. Com as conquistas de Shingen cada vez mais próximas da fronteira de Echigo, Kenshin concordou em entrar na disputa.
O que se seguiu foi o início da rivalidade que tornou-se lendária. No primeiro conflito entre os dois, ambos foram cautelosos, somente ocorrendo escaramuças indecisivas. Após anos, contavam-se cinco combates entre eles na famosa Kawanakajima. Somente o 4ª batalha foi total, contando com um confronto entre ambos. Foi em 1561, quando lutaram a maior batalha em Kawanakajima (a 4ª). Kenshin usou uma tática engenhosa: Uma linha frontal de soldados que se revezavam com soldados na retaguarda conforme iam se cansando ou se ferindo. Isso permitia que os soldados cansados descansassem enquanto os soldados que ainda não tinham combatido entravam em ação. Isso foi decisivo e motivo pelo qual Kenshin quase derrotou Shigen. Nesta batalha Kenshin cavalgou até Shingen Takeda e desferiu um golpe de espada que seria fatal caso o Tigre não tivesse se defendido com a Gunpai (vide ilustração da carta do Uesugi Kenshin). Os seguidores de Takeda contra-atacaram e as forças de Kenshin recuaram até o rio enquanto suas outras tropas eram derrotadas pelos generais Takeda. Dessa forma o resultado da batalha é incerto, com severas perdas em ambos os lados.
Embora fossem grandes rivais, Uesugi Kenshin e Takeda Shigen nutriam uma admiração um recíproca que tornou-se transparente pela constante troca de presentes entre eles.
Takeda Shigen morreu em 1573 e Kenshin honrando a perda de seu rival, nunca mais atacou a província de Kai.
Takeda Shingen e Uesugi Kenshin foram aliados durante 3 anos, quando um deles foi atacado por Oda Nobunaga e o outro partiu em defesa pq não permitiria que seu rival fosse derrotado por outro daimyo.
Além disso, em certa ocasião um outro daimyo boicotou os suprimentos de sal para a província de Kai, e Kenshin secretamente enviou sal para Takeda Shingen. Kenshin disse que essa é uma forma desonrada de vencer uma guerra e “Guerras são vencidas com espadas e lanças e não com sal e arroz”.
Em 1576, Kenshin começou a se preocupar com a expansão de Oda Nobunaga, que queria unir sob seu governo todo o Japão. Como Takeda Shingen e Hojo Ujiyasu mortos, Kenshin já não poderia bloquear a expansão por muito tempo. Assim quando um lord de Noto morreu em conflito com Nobunaga, Uesugi Kenshin rapidamente aproveitou a oportunidade e atacou o clã enfraquecido assumindo seu território e ameaçando a aliança de Nobunaga. Em reposta, Oda Nobunaga enviou Shibata Katsuie, um de dos generais que o acompanha desde o início de sua campanha, a frente de 18.000 homens para atacar Uesugi Kenshin e Tedorigawa. Oda Nobunaga pessoalmente liderou 20.000 homens para reforçar Katsuie. Esta foi uma das maiores batalhas do período Sengoku.
A despeito dos números arrasadores das tropas de Oda, Kenshin conseguiu a vitória, forçando Nobunaga a recuar para a província de Omi enquanto Kenshin ordenou a construção de uns poucos fortes na província de Kaga antes de retornar para Echigo. No inverno de 1577-78, Kenshin arregimentou um grande exército e continuou atacando as terras de Nobunaga. Sua saúde estava péssima e ele morreu em 19/04/1578 após passar mal no banheiro. Uns dizem que ele morreu de cirrose ou câncer de estômago, outros que ele foi assassinado por um ninja que estava a sua espera no banheiro.
Oda Nobunaga ao saber da morte de Uesugi Kenshin disse: “Agora o império é meu.”
Quem conhece a história de Oda Nobunaga sabe que isso não se concretizou.

A morte de Uesugi Kenshi foi desastrosa para o clã. Ele nunca teve filhos mas adotou dois que seriam seus herdeiros. Após sua morte, uma violenta guerra civil se deu entre os exércitos controlados pelos herdeiros. Uesugi Kagekatsu se tornou o novo líder do clã porém esta guerra enfraqueceu o clã e deu tempo suficiente para as tropas de Oda Nobunaga tomarem todas as províncias do clã e alcançarem a fronteira de Echigo que rapidamente sucumbiu.


domingo, 1 de março de 2009

TRÊS - História, Arquitetura e Meio Ambiente

Estas 3 áreas de conhecimento nortearão as várias postagens deste blog, a partir do tema central QUEM SOMOS E DE ONDE VIEMOS.
Serão minhas contribuições para a construção de um mundo onde haja uma convivência consciente entre os seres humanos e harmoniosa com seu meio ambiente.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

TRÊS

Nos últimos tempos tenho notado com as questões, os fatos, os personagens, as obras, se encaixam em número de TRÊS.

Voltaremos ao assunto, por enquanto leiam abaixo uma fábula real.

Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu são os três nomes mais famosos da história militar e política do Japão feudal. Eles compunham o trio de grandes generais guerreiros, shogun, que do século XIV ao XVI buscaram unificar os diversos domínios de seu país, em diversos momentos. (...)

... considere o poema, na verdade uma história folclórica, sobre os três shogun e o ho
totogisu. O hototogisu é um pássaro canoro do Japão, parecido com o rouxinol europeu, e tem um belo canto.Mas nesse poema o hototogisu se recusa a cantar, e o escritor descreve as diferentes formas de ação de Hideyoshi, Nobunaga e Tokugawa para fazer com que o pássaro cante. Após ouvir as histórias e conhecer algo sobre os históricos destes homens importantes, acho que você vai entender porque eu categorizo as atitudes das pessoas sobre o aprendizado no dojo como eu faço.

Oda Nobunaga, o mais velho dos três (1532-1582), era, para sermos delicados, um tirano violento. Como jovem general em início de carreira, ele percebeu uma fraqueza do governo do reinante shogun Ashikaga. Como um lobo atrás de um carneiro enfraquecido, Nobunaga atacou o shogun e derrubou seu governo. Por sua facilidade em usar a força bruta e intimidação, a estrela de Nobunaga continuou a ascender a partir daquele momento. Lembra do Darth Vader dos filmes Star Wars? Nobunaga teria considerado o Sr. Vader como um belo modelo.


... A imagem difundida de Nobunaga é a de um homem de olhos como contas,
sem nenhuma sensibilidade ou habilidades de negociação, que obtinha o que queria pelo uso simples e sem tato da brutalidade, pelo poder e terror. Naturalmente, ele foi assassinado por um de seus generais. No Poema sobre o hototogisu a linha sobre Oda Nobunaga diz:
Se o hototogisu
Não cantar
Mate-o.

Toyotomi
Hideyoshi (1536-1598) nasceu na classe plebéia japonesa e cresceu e se tornou um soldado comum. Através da sorte, habilidade e percepção do momento oportuno, conseguiu ser promovido até se tornar um dos shogun mais importantes do Japão. (...) Além de tudo, Hideyoshi era astuto, uma pessoa brilhante e manipuladora. Ele sabia quando ameaçar ou quando elogiar; ele tinha a habilidade de fazer o que fosse para conseguir o que queria, de maneira quase instintiva. Ele tinha um sucesso fenomenal como líder.(...)

É curioso que as belas artes floresceram dramaticamente sob o domínio de Hideyoshi. Talvez porque ele se sentia socialmente inferior à casta samurai devido às suas raízes plebéias, Hideyoshi se interessava por artes como a cerimônia do chá de forma entusiástica. Ele fez tentativas elaboradas de se juntar aos verdadeiros mestres das artes, mas sempre era vulgar e sem refinamento, talvez porque ele estava sempre mais ocupado em manipular as pessoas do que em aprender o que elas poderiam lhe ensinar. A parte do poema que descreve Hideyoshi diz:
Se o hototogisu

Não cantar
Tente fazê-lo cantar.

O último grande líder do velho Japão foi Tokugawa Ieyasu (1542-1616). Se você leu o livro Shogun ou viu o filme adaptado do livro, você reconhecerá Tokugawa no personagem ficcional Toranaga. A família Tokugawa era humilde (eles roubaram seu famoso símbolo de família – a malva-rosa - de um de seus próprios servidores). Mas eles eram ambiciosos. Ieyasu em particular demonstrava desde a juventude uma perspicácia impressionante e a capacidade de tomar o comando das situações. Ele selecionava seus aliados assim como seus inimigos. Ele era um mestre em estratégia. Como líder do clã Tokugawa ele sofreu derrotas, mas elas nunca foram tão importantes como suas vitórias.




Em 1600, Tokugawa conseguiu controlar virtualmente todo o país. O que tinha sido um sonho tanto de Nobunaga quanto de Hideyoshi, e ambos chegaram perto disso. Mas foi Tokugawa quem assumiu o papel de shogun soberano por todo o país após vencer a épica batalha de Sekigahara. Ele fundou um regime que durou trezentos anos. Tokugawa enxergava longe, era bravo e astuto. Mas acima de tudo, ele era paciente, sempre aguardando até que seu momento de ação fosse exato, com tudo a seu favor. Ele nunca se apressou; ele nunca estava ocioso. Sobre Tokugawa, o poema diz:
Se o hototogisu
Não cantar
Espere.


QUANDO O ROUXINOL NÃO CANTAR
http://hikari1.multiply.com/journal/item/46/46
Trecho de um artigo do livro MOVING TOWARD STILLNESS, do Dave Lowry (que também escreveu o maravilhoso livro In The Dojo, que em breve sairá em português)
Tradução - Jaqueline Sá Freire (Brazil Aikikai - Hikari Dojo – Rio de Janeiro)